Primeiros passos do bebê: como incentivar?
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Dar os primeiros passos é uma das conquistas mais simbólicas e emocionantes no desenvolvimento infantil. É um momento que mistura descoberta, coragem, equilíbrio e, claro, muita tentativa e erro. A caminhada não surge de repente: ela é o resultado de várias conquistas motoras que se acumulam ao longo dos meses: rolar, sentar, engatinhar, apoiar-se, erguer-se.
Para os pais, acompanhar essa fase é também aprender sobre paciência, confiança e estímulo sem pressa. Ver o bebê andar significa uma nova fase de liberdade e independência, mas também pode despertar muitas dúvidas: “Será que estou estimulando certo?”, “Meu bebê andará logo?” ou “Como tornar esse processo seguro e divertido?”
Pensando nisso, escrevemos esse conteúdo com dicas de como apoiar o bebê até que ele se sinta seguro para andar sozinho. Vamos lá?
1. Antes de andar: entender o processo natural
Cada bebê tem seu próprio ritmo, alguns começam a andar por volta dos 10 meses, outros só depois dos 16 ou 18 meses. E tudo bem. A caminhada é influenciada por fatores como força muscular, equilíbrio, interesse pela exploração e até temperamento.
Esse intervalo reflete a enorme variação natural no desenvolvimento infantil e respeitar esse tempo é fundamental. Mais importante do que a idade é observar sinais de preparo, como:
- Ficar em pé apoiado por móveis
- Subir e descer degraus baixos engatinhando
- Se levantar sozinho a partir do chão
- Dar passos laterais enquanto segura em superfícies
- Mostrar curiosidade em se deslocar até objetos
Esses pequenos avanços indicam que o corpo está construindo a base necessária para andar. Além disso, vale considerar os saltos de desenvolvimento.
Segundo o guia do Ministério da Saúde para estimulação neuropsicomotora, por volta dos 13 aos 15 meses, muitos bebês já conseguem ficar em pé, dar alguns passos apoiados e explorar o ambiente andando.
Esses saltos são momentos de reorganização neurológica, em que o corpo e o cérebro do bebê se ajustam para novas habilidades, e andar é uma das mais desafiadoras.
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2. O ambiente preparado: onde tudo começa
Grande parte da confiança do bebê vem do espaço em que ele se move. Um ambiente bem planejado reduz riscos e permite que ele experimente seus limites de forma natural. Estimular a marcha do bebê, quando feito com equilíbrio, traz muitos benefícios!
O que um espaço preparado precisa ter:
→ Superfícies firmes e antiderrapantes: Segurança primeiro, autonomia sempre: Garanta que o espaço onde o bebê anda tenha superfícies antiderrapantes, móveis com cantos arredondados e objetos fora do alcance que possam representar risco. Tapetes Playmat são ótimos para esse cenário!
→ Design montessoriano: móveis estáveis e na altura do bebê, como estantes baixas, mesinhas e baús firmes, que servem de apoio para levantar.
→ Objetos guardados ao alcance: o bebê sabe onde ficam seus brinquedos e pode ir até eles sem depender do adulto.
→ Circulação desobstruída: quanto menos obstáculos soltos, mais seguro o percurso.
→ Texturas variadas e seguras: crie caminhos de exploração com tapetes macios, colchonetes, grama (se possível) ou superfícies seguras que incentivem a marcha sem risco.
Se você utiliza mobiliário Montessori, como o da Afetto, melhor ainda. Esse tipo de mobília convida a criança a participar do espaço e explorar com autonomia — pilares essenciais para a caminhada.
Mas atenção: o estímulo nunca deve virar pressão. O objetivo é acompanhamento, não aceleramento forçado. Cada criança tem seu ritmo, e compará-la com outras pode gerar ansiedade desnecessária.
3. Fortalecendo a musculatura: o que vem antes do andar
A importância de estimular o “ficar em pé”. Deixe que ele experimente levantar-se de forma autônoma: não segure demais nem coloque-o na posição de pé o tempo todo.
Se seu ambiente segue princípios de motricidade livre (como no método Pikler), evite intervenções desnecessárias: a criança deve descobrir como posicionar seu corpo sozinha.
Os músculos do core (abdômen, lombar), pernas e pés precisam estar fortalecidos para sustentar o corpo em movimento. Aqui estão estímulos que acontecem naturalmente, mas que os pais podem incentivar:
• Engatinhar: é uma etapa importantíssima: fortalece braços, tronco, equilíbrio e coordenação cruzada. Permitir que o bebê engatinhe livremente todos os dias é um dos maiores presentes para o desenvolvimento motor.
• Ficar de pé com apoio: deixe brinquedos e objetos interessantes em superfícies baixas. O bebê tentará alcançá-los e, com isso, fará o movimento de apoiar-se e se levantar.
• Brincadeiras que envolvem agachar e levantar
Brinquedos no chão → o bebê agacha.
Brinquedos um pouco mais altos → o bebê levanta.
Parece simples, mas esse movimento é fundamental para fortalecer as pernas.
• Subidas seguras: rampas suaves ou blocos baixos podem simular obstáculos para o bebê praticar escalada com supervisão, fortalecendo equilíbrio e musculatura.
• Exploração livre: permita que ele engatinhe, role e se mova livremente, sem restrições desnecessárias, para que desenvolva consciência corporal.
• Equilíbrio: andar é, na essência, controlar quedas sucessivas. Portanto, quanto mais oportunidades de brincar em superfícies diferentes: tapete, piso firme, grama limpa, melhor.
Uso de linguagem positiva de forma constante: celebre cada avanço, mesmo que pequeno. Incentive verbalmente com elogios, aplausos, frases como “você está andando tão bem!” para motivar cada tentativa. Nossa expressão e motivação contam muito, acredite!
Segurança emocional
Respeite os momentos em que a criança desiste ou se assusta. Se ela recuar, não force — recuar faz parte do aprendizado e pode indicar que ela precisa consolidar alguma habilidade antes de avançar.
Crie uma rotina de prática leve: reserve momentos de brincadeira livre que incluam movimentos e estímulos para a marcha, mas sem transformar em obrigação. Obebê que sente confiança tende a se arriscar mais e aprender de forma mais fluida.
4. O valor de caminhar descalço
Mesmo que muitas pessoas acreditem que o sapato ajuda, o contrário é verdade: o bebê precisa sentir o chão. Permitir que o bebê ande descalço em superfícies seguras (tapete, grama limpa, piso limpo) o ajuda a sentir melhor o solo, aprimorando o equilíbrio e fortalecendo os músculos dos pés e tornozelos.
Isso permite também que ele ajuste os apertos do pé, estabilize a pisada e tenha maior consciência corporal, sem depender de calçados rígidos cedo demais. Benefícios de andar descalço:
- melhora a percepção do corpo no espaço;
- fortalece musculatura dos pés;
- aprimora o senso de equilíbrio;
- facilita ajustes naturais da pisada;
- traz segurança nas primeiras tentativas.
Quando precisar usar sapato, prefira os bem flexíveis, sem salto e que permitam dobra completa.
5. Brinquedos e objetos que ajudam, sem acelerar o processo
A ideia aqui não é “ensinar a andar”, mas criar oportunidades. Brinquedos e mobiliários que são ótimos aliados:
- Carrinhos ou brinquedos de empurrar com base firme e que não disparem rápido.
- Mobiliário montessoriano (estantes baixas, mesas pequenas e cadeiras infantis temáticas como de borboleta, bancos estáveis).
- Caixas grandes/ baús que o bebê possa empurrar para testar o peso.
- Bolas pequenas que rolem devagar e incentivem o deslocamento.
- Estímulos visuais e auditivos: Posicione objetos coloridos, brinquedos musicais ou brinquedos leves um pouco à frente para motivar a criança a se movimentar em direção a ele
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Monte pequenas rotas com almofadas, colchonetes, rampas seguras (com supervisão) para encorajar a criança a subir, descer, agachar e levantar, todas habilidades que fortalecem as pernas.
O que evitar:
Andadores tradicionais: eles podem atrapalhar o desenvolvimento natural, desestabilizar a postura e até aumentar o risco de acidentes. Em vez de depender de andadores com rodas, prefira brinquedos de empurrar firmes, que exigem esforço genuíno e permitem que o bebê pratique o andar por si só.
Dessa forma, ele desenvolve mais força e coordenação com base real, em vez de “ser levado” por um dispositivo.
Interferência excessiva: levantar o bebê pela mão antes do tempo ou colocá-lo de pé sem que ele tente por conta própria pode atrasar habilidades importantes.
6. Caminhada assistida: quando e como ajudar
E aquela caminhada com afeto? Ande junto com ele: segure suas mãos enquanto ele se equilibra e anda, caminhando ao lado ou atrás, isso dá segurança e reforça o vínculo emocional.
Depois que o bebê já se levanta sozinho e dá passos laterais apoiado, ele provavelmente começará a buscar apoio humano.
Como ajudar da maneira certa:
- Ande ao lado segurando apenas uma mão, quando possível — isso incentiva o equilíbrio.
- Fique um pouco à frente, convidando o bebê a vir até você.
- Use a voz, o sorriso e o movimento do corpo como estímulo.
- Não puxe o bebê para caminhar: deixe que ele conduza o ritmo.
A caminhada assistida deve ser leve, divertida e curta. O objetivo não é “treinar”, mas acompanhar a curiosidade.
7. Abordagens teóricas que embasam o estímulo: Montessori + Pikler
Para aprofundar a reflexão sobre como estimular o bebê a andar, vale considerar duas pedagogias que valorizam o ritmo individual e a autonomia: o método Montessori e a abordagem Pikler.
3.1 Montessori
O método Montessori valoriza ambientes preparados e acessíveis: móveis baixos, objetos ao alcance da criança e liberdade para explorar. Isso favorece que o bebê use móveis como apoio para se levantar e praticar a marcha com segurança.
Também há foco na autonomia: crianças devem ter a liberdade de explorar sozinhas, guiadas pela curiosidade, não por imposição. No contexto de caminhar, isso significa menos intervenção direta dos adultos e mais suporte estrutural (móveis, brinquedos apropriados) para que o bebê descubra suas próprias potencialidades.
3.2 Pikler
A pediatra Emmi Pikler defendeu a motricidade livre — a ideia de que os bebês devem se movimentar sem serem forçados por adultos, a fim de desenvolver o equilíbrio e a noção corporal de forma natural.
Segundo ela, os adultos devem observar e oferecer apoio, mas permitir que o bebê se levante, fique em pé e caminhe quando estiver pronto, sem induções forçadas. O vínculo entre cuidador e bebê também é essencial: quando o adulto está presente e disponível, oferecendo segurança e supervisão, a criança se sente encorajada a tentar novos movimentos, sabendo que existe suporte emocional se algo der errado.
8. Desafios comuns e como lidar com eles
Mesmo com estímulos bem planejados, alguns bebês podem apresentar dificuldades, inseguranças ou simplesmente demorar mais para andar. Aqui estão alguns desafios comuns e como abordá-los:
Quedas frequentes: É natural que haja quedas nessa fase. Garanta que o ambiente seja bem seguro (superfícies macias, proteção de quinas, objetos estáveis). Ensine de forma lúdica: por exemplo, brinque de “levantar” — ajude o bebê a se levantar sozinho quando ele cair, para que ele entenda que pode se recompor.
Medo de soltar o apoio: totalmente esperado. Alguns bebês são mais cautelosos. Se o bebê hesita para dar passos ou parece instável, evite pressionar. Ofereça apoio, caminhe ao lado dele, mas permita que ele recue.
Atraso na marcha: caso o bebê não demonstre interesse em caminhar até os 18 meses, pode ser válido conversar com o pediatra. Mas, na maioria das vezes, é apenas uma questão de ritmo individual. Muitas vezes, isso não significa problema: pode ser apenas o ritmo individual.
Mas vale monitorar outros marcos motores (ficar em pé, engatinhar, fortalecer pernas) e ver se há outras áreas de atraso. Com o pediatra, podem ser avaliadas hipóteses como tônus muscular, déficit de equilíbrio ou orientação para fisioterapia, se necessário.
Excesso de intervenção dos adultos: é comum que os pais, por receio, limitem o espaço de exploração do bebê ou interfiram demais. Quando o bebê é muito carregado, colocado de pé artificialmente ou segurado o tempo todo, ele perde oportunidades de desenvolver equilíbrio natural.
Para evitar isso, crie espaços seguros e “zônulas de liberdade” onde ele possa testar seus limites com autonomia. Equilibre a supervisão com o permitir: observe, intervenha quando for necessário, mas não assuma todas as funções (como levantar o bebê sempre que ele quiser se erguer).
9. Como incorporar o estímulo à rotina familiar?
Você não precisa separar um “tempo de treino”. A aprendizagem acontece na vida diária. Algumas formas simples de incorporar estímulos:
- Deixar o bebê brincar no chão todos os dias, sem pressa.
- Montar um cantinho seguro com mobiliário adequado.
- Incentivar pequenas explorações pela casa.
- Colocar brinquedos em diferentes alturas.
- Fazer passeios ao ar livre em que o bebê possa ficar descalço.
- Permitir que ele participe da rotina (pegar um objeto, ir até a estante, guardar brinquedos).
- Rotina de apoio familiar: compartilhe com outros cuidadores (pais, avós, babás) a importância de oferecer suporte, mas respeitar a autonomia do bebê.
O mais importante é permitir movimento livre e acesso ao ambiente.
10. A longo prazo: por que tudo isso importa
Estimular o bebê a andar de forma respeitosa e consciente tem impactos que vão além dos primeiros passos:
- Desenvolvimento motor mais sólido: o fortalecimento muscular e a coordenação adquirida nessa fase ajudam no futuro para correr, pular e brincar com mais segurança.
- Autonomia desde cedo: bebês que aprendem a se mover com liberdade, dentro de limites seguros, tendem a desenvolver mais confiança para explorar, testar e assumir riscos saudáveis.
- Vínculo afetivo profundo: caminhar junto, oferecer suporte emocional e celebrar conquistas fortalece a relação entre pais e filhos.
- Consciência corporal: explorando diferentes superfícies descalço ou em ambientes preparados, a criança aprende sobre seu corpo, seu equilíbrio e seus limites.
- Preparação para a aprendizagem: a autonomia motora também contribui para a autonomia cognitiva — um bebê que desenvolve segurança para se mover tende a se tornar uma criança mais confiante para explorar ideias, brincar e aprender.
Conclusão
Os primeiros passos não dependem de pressa — dependem de presença. De um ambiente seguro, de estímulos adequados, de liberdade para experimentar e, principalmente, do olhar atento e amoroso da família.
A caminhada é uma conquista que nasce da autonomia. E autonomia se constrói com segurança, espaço, confiança e afeto — valores que conectam profundamente com a essência da Afetto Design: criar ambientes que acolhem, inspiram e acompanham cada etapa do desenvolvimento infantil.